sexta-feira, 14 de julho de 2017

SGT. PEPPER'S NA ROLLING STONE - SENSACIONAL!

A revista Rolling Stone nº 130 – de junho, traz quatro páginas sobre o aclamado aniversário de 50 anos do Sgt. Pepper’s. Aqui, a gente confere os dois bons textos de Paulo Cavalcanti e Mikal Gilmore.
SGT. PEPPER’S LONELY HEARTS CLUB BAND permanece, intocável, como o maior dis­co de todos os tempos - inclusive na lista de 500 melhores álbuns compilada pela Rolling Stone. Foi um divisor de águas não apenas na carreira dos Beatles mas também dentro da cul­tura pop ocidental. Assim como a primeira vez que o homem pisou na Lua marcou a linha do tempo da história da humanidade, a imagem da capa e a chegada daquelas canções às rádios mudaram a produção e a percepção a respeito dos limites da música feita para as massas.
Filhos das primeiras gerações do rock, os Beatles colocaram um pouco de tudo que era feito no gênero em seus primeiros discos: o rockabillv, a Motown e o som dos grupos de garotas. A amálgama sonora os levou a um tipo de estrelato até então desconhecido no mercado musical. Mais sete discos e milhões de copias vendidas mais tarde os rapazes se viram fartos dos mecanismos que os haviam levado à fama mundial. Sentiam que não ti­nham mais o que conquistar. Parar de se apresentar ao vivo fui o primeiro passo para a mudança. Eram jovens adul­tos que deixaram a novidade do sucesso para trás; começa­ram a se interessar por misti­cismo oriental e passaram a usar drogas psicodélicas em faísca de novos caminhos mentais e mais criatividade. A chave da equação, porém, é que eles queriam voltar às raizes inglesas. Ray Davies, do The Kinks, já havia aberto o caminho para essas explorações britânicas, e os Beatles, instintivamente, seguiram o rumo. Nas sessões para o disco que se tomaria Sgt. Pepper’s Lonely Hearts Club Band gravaram “Strawberry Fields Forevor" e “Penny Lane", crônicas sobre as experiências deles como habi­tantes de Liverpool. O compacto lançado com as canções continha duas visões dife­rentes, mas complementares e essenciais para o que viria a ser o novo álbum: a pri­meira delas, escrita por John Lonnon, era sinistra e enigmática; a segunda, de Paul MeCartney, soava ensolarada e otimista. Deu tão certo que a banda resolveu ex­pandir o conceito para um disco cheio. Sgt. Peppers Lonely Hearts Club Band lançado em 1º de junho de 1967, pode ser definido como um espetáculo de cabaré vitoriano e roqueiro filtrado por uma viagem de LSD pela Swinging London. Nele, o quarteto de Liverpool se despiu de todas as influências de blues, soul e country music, substituindo-as por som do tempo do vaudeville, ins­trumentos hindus, quarteto de cordas e flertes com a música concreta de Karlheinz Stcockhausen. O manifesto psicodélico dos Beatles foi lançado em meio ao Verão do Amor. Sgt. Pepper’s parecia unificar todas as tribos que rejeitavam um mundo velho e em preto e branco. O álbum refletia um novo estado de espírito, quando a juven­tude buscava um caminho alternativo ao imposto pela sociedade (trabalhar, servir e não questionar o sistema, constituir família, envelhecer calmamente e morrer como “cidadão de bem"). Philip Norman, jornalista e biógrafo autor de diversas obras envolvendo os Beatles, tem uma explicação pessoal para o lugar ocupado por Sgt. Pepper’s: “Acho que as pessoas ainda cultuam esse álbum por­que se sentem atraídas por toda aquela mística charmosa dos anos 1960. E isso ele tem de sobra", afirma. O fato é que di­ficilmente um disco tirará de Sgt. Pepper’s o posto de mais importante registro fonográfico já feito. PAULO CAVALCANTI
NOVA VIAGEM A PEPPERLAND

As várias edições comemorativas do álbum estão recheadas de belas surpresas

Em 2006, os Beatles convenceram o produtor George Martin a sair da aposentadoria para remixar e rearranjar várias canções que seriam usadas no espetáculo Love, do Cirque du Soleil, encenado em Las Vegas. Para ajudá-lo, Martin trouxe o filho Giles, que criou um projeto revelador que serviu para nos lembrar do impecável trabalho do pai nos anos 1960. Giles acaba de conduzir outro projeto histórico: a edição expandida de 50 anos de Sgt. Pepper's Lonely Hearts Club Band, a indiscutível obra-prima dos Beatles. Ele não apenas honra o legado do George, morto em 2016, aos 90 anos, mas também constrói algo totalmente novo. O relançamento chega em vários formatos: CD simples, disco duplo, box com CDs e dois DVDs (contendo vídeos e uma mixagem 5.1 do álbum original) e vinil duplo.
Todas as novas edições Incluem versões alternativas das faixas clássicas. Essa ambição revisionista poderIa parecer meio arriscada. Afinal, Sgt Pepper’s é considerado o momento supremo do rock e um trabalho essencial para entender a tal mística dos anos 1960 - um exemplo de como aquela geração forjou novas ideias. Mas este novo Sgt. Pepper’s revela maravilhas, particularmente na remixagem em estéreo. Em 1967, a versão mono era o foco e George Martin se esforçou muito para criá-la. Para Giles, a mixagem estéreo era apenas uma exigência do mercado. Mesmo assim, foi com ela que as pessoas mais se familiarizaram ao longo dos anos. Giles queria nesta nova versão um efeito “mono 3D” - e ele conseguiu. O álbum agora salta dos alto-falantes: o som é afiado, vivo e ressonante. A batida de Ringo Starr, que é a força propulsora de “Lucy in the Sky with Diamonds", ganha gravidade e toma a faixa ainda mais alucinógena; “Getting Better” tem realçada uma agressividade que trai a mensagem do título; já “A Day in the Life" adquire uma profundidade assustadora. A canção sempre se destacou no espectro de Sgt. Pepper’s como uma viagem fantasmagórica. É uma visão de sonhos, morte, caos e revelação, e nos mantém em alerta até o fim, mesmo depois do oceânico acorde de piano. Agora, as fronteiras da canção vão ao infinito. Os discos extras têm registros iniciais das faixas, quando elas ainda estavam sendo desenvolvidas pelos músicos. É fascinante ouvir as origens espartanas de “Strawberry Fields Forever” e também de “A Day in the Life". Algumas canções, sem dúvida, ficaram melhores depois que a banda acrescentou efeitos de estúdio. O take 4 de “Being for the Benefit of Mr. Kite!” é assustador, mas o take 7 se mostra mais caloroso, realçando o baixo pulsante de McCartney e o ataque de Starr aos pratos da bateria. Ainda assim, versões alternativas de “With a Little Help from My Friends", “Lovely Rita” e outras demonstram que, antes de os overdubs e outros efeitos serem aplicados às faixas, havia uma banda coesa e focada. Sgt Pepper’s representa a união e a imaginação do quarteto. Nós perdemos muitas coisas desde o verão de 1967, incluindo qualquer chance de ingenuidade. Mas agora, graças a Giles Martin, podemos ouvir o apogeu dos Beatles da maneira como foi concebido para ser ouvido. Isso não vai consertar os problemas do mundo, no entanto, 50 anos depois, Sgt Pepper’s continua a nos intrigar, e isso é um generoso milagre. MIKAL GILMORE

7 comentários:

Edu disse...

Só vou falar uma coisa: eu não estava botando muita fé nesse ‘novo’ Sgt. PEPPER’S… mas quando ouvi com a devida atenção, fiquei, no mínimo acachapado. O discão é sim, tudo isso e muito mais que esses caras falaram aí em baixo! É maravilhosamente assombroso poder curtir esse Pepper 5.0 com toda essa qualidade fantástica e tecnológica. Depois de todos esses anos, achei que os Beatles não pudessem mais me surpreender… quebrei a cara. Embora ele já tivesse feito um trabalho fantástico com “Love”, novamente subestimei Giles Martin e agora definitivamente tiro o chapéu. O papai George deve estar sorrindo orgulhoso num bom lugar. 10, nota 10! Golaço de placa! Valeu.

Unknown disse...

A vantagem do Baú, vc que curte Beatles fica viciado,eu por exemplo acesso este canal no mínimo uma vez ao dia. Por que? Por ser The Beatles um tema inesgotável. A propósito acabei de ver o 15 episódio do canal da Lara Selem: "Beatles e Advocacia. Imperdivel, bem quentinho.

Raimundo Nonato disse...

É Edu... mas é para poucos!

Edu disse...

É nada! O CD simples é 35,00...

Joelma disse...

Pensei que stg Pepper fosse ideia vinda de McCartney. Queria saber o que John diria dele hoje se estivesse vivo.

Joelma disse...

Ainda não ouvi a versão 5.0 tô curiosa agora depois do seu comentário Edu

Valdir Junior disse...

A Universal Music continua dando as favas a todos fãs dos Beatles no Brasil, não lançando essa nova versão aqui e protelando a importação do mesmo, três meses depois ainda não chegou aqui a versão dupla. Depois reclamam da pirataria e dos downloads ilegais.