sábado, 1 de julho de 2017

PAUL McCARTNEY - FLAMING PIE - 2017


“We always came back to the songs we were singing” - “Nós sempre voltamos às canções que estávamos cantando”. O refrão da faixa que abre o álbum já diz a que veio. Motivado pelo projeto Anthology, Paul McCartney lança um álbum repleto de conexões com os Beatles para a alegria dos fãs mais conservadores de sua carreira solo.
A capa mostra um Paul McCartney incrivelmente magro e cansado. Mas não se engane: é um dos melhores álbuns já lançados por ele depois de cinco longos anos sem um inédito, Flaming Pie é o 18º álbum de sua carreira.
O meio dos anos 90 revitalizou como nunca a carreira de Paul McCartney. O mega projeto “Anthology”, com documentários e discos de outtakes, apresentou os Beatles a toda uma nova geração de fãs, que passaram a ver Paul de forma mais positiva. O próprio músico admitiu que o envolvimento com o projeto lhe fez lembrar como os Beatles compunham de forma simples e direta, o que refletiria no seu novo disco. Foram dispensados os músicos da banda de apoio e a produção excessiva dos dois últimos álbuns, assim como as letras ecológicas (e, sim, até mesmo os mullets!). Entraram em cena velhos amigos como Ringo Starr, Jeff Lynne e Steve Miller, em um processo de gravação sem pressa, que durou quase dois anos. “Flaming Pie” se mostra o melhor disco de McCartney em mais de vinte anos, e traz de volta a sonoridade simples e direta de seus primeiros discos solo.
Pequenas canções acústicas melodiosas, como “Calico Skies” e “Great Day”, remetem diretamente à “Blackbird” e “Junk”; o arranjo de cordas feito por George Martin para “Somedays” é elegante; as guitarras de “The World Tonight”, “If You Wanna” e “Young Boy” soam cruas como há muito não se ouvia em seus discos. O clima de nostalgia impera, e por todo o lado se percebem conexões diretas e indiretas com os Beatles. A faixa-título vem de uma história contada por John Lennon, que disse ter sonhado que um homem numa torta-flamejante lhe visitava e lhe dizia “vocês serão Beetles com A”.
E para fechar o círculo, a única canção grandiloquente do álbum, “Beautiful Night”, conta com orquestra gravada nos estúdios Abbey Road, com participação de George Martin. A sessão de gravação ocorreu em fevereiro de 1997, exatos 30 anos após a sessão de orquestra gravada para “A Day In The Life”, no mesmo estúdio. E mesmo com a pompa, “Beautiful Night” termina numa divertida jam, com Paul dividindo os vocais com Ringo, entre solos de guitarra, sopros e clima de festa no estúdio, um belo resumo do espírito do álbum. Vale à pena lembrar, que Flaming Pie foi o último disco de Paul com participação de Linda. Ela já estava bem ruim. Todas as fotos do que aparecem no encarte, são dela.
No livro “Paul McCartney – Todos os segredos da carreira solo”, Claudio D. Dirani disseca esse discaço tim por tim tim. E é esse trecho  que a gente confere agora: PAUL McCARTNEY – VOLTA ÀS RAÍZES.
O intervalo de quatro anos entre Off The Ground e Flaming Pie pode ter deixado o fã mais radical de Paul McCartney entediado. De qualquer forma, o devoto mais dedicado dos Beatles não tinha nenhum direito de reclamar. Entre os meses de novembro de 1995 e outubro de 1996, o projeto Anthology preencheu todas as necessidades musicais dos seguidores do grupo mais famoso do mundo. Nada menos que três álbuns duplos e oito fitas VHS documentando a história do quarteto de Liverpool foram lançados, acompanhados de duas canções originalmente gravadas por John Lennon (Free As A Bird e Real Love) e "modernizadas" por Paul, George e Ringo, acompanhados de perto pelos produtores Jeff Lynne e George Martin. Martin, nesse caso, não participaria da gravação das novas faixas, cuidando apenas da seleção das centenas de sobras de estúdio que integrariam os álbuns. Mesmo deixando de lado a carreira solo, suas atividades não se resumiram "apenas" nesse projeto. Após anos de planejamento, Paul finalmente conseguiria levar ao ar, em maio de 1995, sua série de programas de rádio batizada como Oobu Joobu, produzida em colaboração com Eddy Pumer. Antes mesmo da estreia dos programas, uma parceria até aquele momento impossível de acontecer se transformaria em realidade. Paul e Yoko se uniram no estúdio The Mill, juntamente com os outros membros dos clãs McCartney e Lennon, para a gravação da canção vanguardista Hiroshima Sky Is Always Blue, como homenagem à cidade vitimada pela bomba atómica na Segunda Guerra Mundial. Esta histórica sessão aconteceria em 28 de janeiro de 1994, dias após a entrega das fitas demo contendo as canções de John Lennon que fariam parte do bilionário projeto Anthology. Enquanto milhões dos "novos" discos dos Beatles eram vendidos, McCartney trabalhava em silêncio, compilando suas melhores canções a serem incluídas em seu próximo projeto. Mas, como todo bom workaholic, mais atividades paralelas seriam executadas por Macca. Entre elas, a regravação da faixa Come Together no estúdio Abbey Road, em setembro de 1995, a convite de Paul Weller (em prol das vítimas da guerra da Bósnia), e uma participação especial no compacto de Allen Gmgsberg.The Ballad of the Skelletons (96), onde tocou diversos instrumentos e compôs em parceria com Phillip Glass uma música para os versos do poeta beatmk. Sem falar, claro, da inauguração do instituto educacional de Liverpool (a LIPA), em 95, e sua condecoração como Cavaleiro do Império Britânico, em março de 1997.
A nota triste deste período ficaria por conta da constatação da doença de Linda McCartney, em 95, e a dedicação completa em busca incansável da cura para a mulher, que sucumbiria lamentavelmente ao câncer em abril de 1998. De volta ao estúdio, o novo trabalho começou a ser estruturado em partes, com a gravação de diversas canções com Steve Miller no estúdio particular do bluesman, em Idaho, e o resgate de algumas faixas acústicas produzidas por George Martin, em um intervalo das sessões do álbum Off The Ground. A composição da maior parte do álbum, entretanto, ficou por conta da nova parceria entre Paul McCartney e Jeff Lynne, nascida durante as gravações de Free As A Bird. A união produtiva dos novos parceiros levaria Flaming Pie ao segundo lugar das principais paradas dos Estados Unidos e do competitivo mercado britânico, só perdendo o topo do pódio para as efémeras Spice Girls. Paul McCartney comemorou — cheio de razão — o debut mais bem-sucedido da história de sua carreira solo, comentando sobre sua produção: "Foi muito fácil voltar a trabalhar com simplicidade em Flaming Pie, porque eu estive ouvindo bastante, durante os últimos anos, as canções lançadas nos álbuns dos Beatles. O projeto Anthology serviu também para "revigorar" o meu trabalho, porque eu lembrei como os Beatles trabalhavam, e os padrões seguidos durante as gravações".

11 comentários:

Edu disse...

Discãozaço! Sem tirar nem pôr.

Unknown disse...

Uma obra prima. Sem nenhuma dúvida. Retomou com toda força o caminho da música. Após essa breve pausa.

Valdir Junior disse...

Concordo contigo Edu, excelente disco, mas sinto um pouquinho de tristeza no decorrer do disco, acho que a doença da Linda deixou esse gostinho agridoce nas faixas. Mas como é de sentimentos que se fazem bons disco, a matéria prima está toda aí.

Júlio disse...

A foto da capa me impressionou. Paul estava mesmo muito abatido.

Marcio disse...

Adoro esse disco. Espero que o Paul lance um pacote especial.

brasileiro disse...

Exelentes canções vindas de um dos maiores gênios da música. É algo lindo de se ouvir uma experiência muito mais que agradável.

Carlos Marangon disse...

Realmente Valdir, é um pouco triste , mas sem dúvida um das grandes obras que ele realizou, obra prima com certeza, voltou renovado mesmo estando vivendo aquela situação.

roque22 disse...

Disco maravilhoso! Do nivel do Ram, Band On the Run, Pipes of Peace, etc.

roque22 disse...

Flaming Pie está, com certeza, entre os melhores discos dos anos 90's.

MMCZ disse...

❤🥰

MMCZ disse...

🥰❤