terça-feira, 29 de novembro de 2016

JOHN LENNON & YOKO ONO - TWO VIRGINS

Resultado de imagem para john & yoko
Na história da música popular, nada pode ser comparado à trilogia lançada pelo casal John Lennon - Yoko Ono em 1968 e 1969: os álbuns “Unfinished music nº 1: two virgins”, “Unfinished music nº 2: life with the lions” e “Wedding álbum”. Gravações consideradas pela critica como experimentais e "tolas". A maioria das faixas traz apenas ruídos e instrumentos como piano e bateria se repetindo, como se estivessem em loop. Nas faixas em que Yoko "canta", ela apenas emite grunidos. Mas apesar do repertório “estranho” criado pelo casal, as maiores polêmicas surgiram com a capa do primeiro disco “Unfinished music nº 1: two virgins”, que trazia o casal nu, chegando a ser censurada em alguns países. 
"Unfinished Music No. 1 - Two Virgins", gravado na primeira noite que Yoko passou na mansão de John em Weybridge, Londres. O disco registra diálogos, gritos e sussurros do casal apaixonado. A capa do disco causou alvoroço ao registrar John e Yoko em nu frontal.
Lançado no emblemático novembro de 1968, Unfinished Music No. 1 - Two Virgins foi gravado em meados de março, após o Wonderwall de Harrison, e o álbum "The Beatles". Naquela produtiva noite de março, o futuro casal mal se conhecia. Lennon e sua esposa Cynthia haviam retornado de Rishikesh, Índia - e John parecia disposto a salvar o casamento já em ruínas. Porém, trocando telefonemas com Yoko, a quem ele conhecia desde 66, John aproveitou uma viagem da esposa para convidá-la até seus aposentos em Kenwood, onde também se encontrava seu amigo de longa data, Pete Shotton. John e Pete haviam gravado inúmeras fitas durante aquelas semanas (assim como na juventude, os dois adoravam fazer rimas nonsense), e foram essas gravações a base do que viria a ser "Two Virgins".

O jovem casal começou a noitada dividindo um ácido, Shotton já tinha saído. E então deram vazão à loucura produzindo durante toda a noite. Depois de muitos assobios, uma série de sons randômicos no piano começam a aparecer, entrecortados por ruídos. Em seguida uma gravação com rotação alterada se contrapõe aos primeiros vocalizes de Ono, e o primeiro clímax é um grito bastante estridente. Lá pros 6:00 a coisa fica bem interessante: o disco gravado continua tocando (bem lento), os ruídos se tornam mais intensos, e o piano chega a tentar uma progressão. Os vocais de Yoko Ono tem um terreno perfeito na loucura concebida pelo Lennon-produtor, incluindo os ocasionais diálogos.

Two Virgins é uma obra sem par. Espontâneo, corajoso, e altamente verdadeiro. O final do lado 1 é perfeito nesse sentido, com o "excuse me" de John para apertar o botão de parar do gravador, independente do climão que estava rolando entre a reverberação de algum instrumento e a voz da moça. O lado 2 é extremamente "mais do mesmo"; se não gostou da primeira metade, melhor desistir. O bonus track do Cd editado em 1997, como parte dos relançamentos do catálogo de Yoko Ono. "Remember Love" é uma pérola, lançada originalmente como Lado B do compacto "Give Peace a Chance". A voz de Yoko é tão doce, que nos faz acreditar que se ela não fosse tão vanguardista em suas concepções artísticas, poderia muito bem ter se tornado uma cantora folk/ pop bastante bem sucedida. Na capa do disco, há um estranho prefácio escrito por Paul McCartney que diz: “Quando dois grandes santos se encontram é uma experiência trágica. Uma longa batalha irá provar quem é santo.”

2 comentários:

João Carlos disse...

Talvez o acontecimento mais doidão dos anos 60... pra cá!

Valdir Junior disse...

Acho que só escutei o disco umas duas vezes na vida. E mesmo assim, foi difícil.