segunda-feira, 11 de novembro de 2013

"NEW" - O SENSACIONAL NOVO ÁLBUM DE PAUL McCARTNEY


Em qualquer ramo da música contemporânea, renovação é fundamental para a vida longa de um artista. No rock, esse elemento indispensável se vê na berlinda, sempre obrigado a encarar uma série de barreiras e preconceitos que mais atrapalham do qualquer outra coisa. Essa dificuldade em se atualizar, sempre respeitando as raízes, faz com que bandas gigantes como os Rolling Stones, por exemplo, se coloquem em uma zona de conforto. Elas acabam não demonstrando vontade de se arriscar em novos experimentos, o que é legítimo, visto que o grupo já contribuiu mais do que qualquer outro para o mundo do rock. Quando um cara com mais de 70 anos, 50 só de carreira, dá a cara à tapa para o mundo inteiro lançando um disco chamado “New”, inicialmente você pode duvidar. Dá para pensar que é mais um apelo para se reinventar, se copiar, repetir fórmulas de sucesso ou cair na velha conhecida de muitos astros por aí que fazem mais do mesmo para se manter em alguma linha entre o sucesso absoluto e o completo esquecimento, no meio, na mediocridade da rotina. Esse cara, definitivamente, não é Paul McCartney. E é exatamente por isso que Paul McCartney é diferente. Aos 71 anos, renovado, com espírito, energia e brilho de um garoto de 20 e poucos, Macca acaba de lançar “New” disco que, em sua edição deluxe, conta com 14 faixas ousadas e mais uma belíssima balada escondida no final. Paul McCartney é o próprio vovô garoto. Casado desde 2011 com Nancy Shevell, sua terceira esposa, dezenove anos mais nova, Paul desfruta de uma bem resolvida "terceira idade". É o orgulhoso portador do legado da maior banda de todos os tempos, se mantém produtivo e relevante artisticamente, aceita com boa vontade uma condição próxima de um semideus da música pop e parece, de fato, ser um boa praça. Ele sabe muito bem que o planeta parece não se importar muito com sua produção musical atual, até a hora em que algo parece errado. Se Macca lança um disco fraco, choverão comentários dando conta dele estar ultrapassado, de não precisar fazer nada de novo, de ter perdido a forma. Ele também sabe que as pessoas vão a seus shows sempre lotados em busca de canções de 40, 50 anos atrás. Então, por que se arriscar e continuar lançando discos? Dinheiro? Paul é o músico mais rico do mundo, com justiça. Alguma necessidade de provar algo? Não, claro que não. Macca lança discos em pleno 2013 guiado pelo prazer em gravar, por estar à frente de uma banda de bambambans (ele jamais esteve tanto tempo com a mesma banda) e por ainda ter lenha para queimar. Seus discos recentes, digamos, desde os anos 2000, não se repetem, o homem tem necessidade de inovar, de não criar limo e, ainda assim, soar como o Beatle com cara de bebê, o genro que toda mãe inglesa dos 60's gostaria de ter. O anúncio de New, mais de cinco anos depois do último álbum com inéditas (Memory Almost Full, de 2007), reacendeu o brilho nos olhos de cada beatlemaníaco ou McCartneymaníaco ao redor do mundo. O lançamento mexe com o ouvinte desde a primeira faixa, “Save Us”, em que o ouvinte quer saber “de onde veio aquilo?”, tão diferente que soa, até a última canção, “Get Me Out of Here”, folk bonitinho e brincalhão para acabar com a tristeza que um final de disco pode causar.

New é um disco sensacional por vários motivos. A leveza absoluta é seu primeiro predicado. Paul é o criador do powerpop, aquela mistura perfeita entre guitarras e melodia, presente desde Drive My Car no mapa mundial. Se em New não há - e nem poderia - haver algo do mesmo calibre, há uma sensação de que a música deve ser lúdica, mas verdadeira. Como Paul está alegre e satisfeito, o reflexo imediato vem em canções como a faixa título “New”, a dançante “Appreciate”, o energético rockão “Save Us”, a linda “Looking At Her” ou no pop/rock “Turned Out”. New não deve ter sua leveza confundida com descartabilidade. Ainda que a busca por produtores jovens e badaladinhos do cenário pop atual (Paul Epworth trabalha com Adele, Mark Ronson lançou Amy Winehouse, Eathan Johns pilota discos de Laura Marling e Giles Martin é o filho de Sir George Martin) possa parecer desnecessária ou responsável por um certo clima eletrônico ao longo de suas faixas, New é puro Macca. A alternância entre canções pop ensolaradas e outras, românticas, sérias, conscientes é o padrão que o homem forjou. Neste segundo grupo de canções estão as belas “Early Days” (uma balada como Macca não fazia desde os anos 80), “Hosanna”, “Get Me Out Of Here” e outros dois rocks possantes, a animadíssima “Queenie Eye” e “Everybody Out There” e “I Can Bet” (para mim, nos mesmos níveis de “Get Back” e “Back In The Ussr”) e a faixa escondida, a belíssima “Scared”, onde suas últimas palavras no álbum são: “How much you mean to me... How much you mean to me... Now!”. Esse mix todo é fundamental, do ponto de vista do show business, para um artista com mais de 50 anos de carreira. Há muito o que se analisar e visitar na carreira do Paul McCartney, da mesma maneira que há muita gente para agradar. E, inteligente e experiente como é, o maior nome da música pop coloca toda a sua criatividade para fora e bota um sorriso no rosto do fã mais conservador. Além disso, Paul mostra ao mundo um novo momento em sua vida, que se junta ao casamento com Nancy Shevell, a consolidação de sua nova banda e ao ritmo ainda mais animado, que o ex-líder dos Wings quer viver na vida após os 70.

6 comentários:

LSelem disse...

Eu estou simplesmente hipnotizada por SCARED... daquelas de ouvir sem parar, dez, cem, mil vezes... Bela resenha, Edu!! Magnífico álbum, Paul!!

João Carlos disse...

Absolutamente certeira esta resenha! Mais precisa impossível!

Lidiane Pessoa disse...

Early Days é a minha do New! e o album INTEIRO É MASSA!!!!!!!!!!!!!!!!1 coloca essa aqui depois Edu! Um Chero!!!!!!!!!!!!!! Saudade do Bau que eu tava!!! isso aqui é bom demais!!!

Unknown disse...

Concordo. Principalmente com I Can Bet - tão poderosa quanto e musicalmente descendente de Get Back. Mas não vi você exaltando Quennie Eye, que ele escolheu como música de divulgação, na minha opinião uma escolha muito bem feita. Um abraço!

Valdir Junior disse...

Resenha nota 10 !!!
Acertou no mosca Edu !!

E eu não para de ouvir o "New" !!!
Não tem como , bom demais !!!

Unknown disse...

O album New,é simplesmente maravilhoso, com a marca do expert em baladas e todo aquele ritmo que nós conhecemos, somente Paul teria folego para mais esse sucesso.