sábado, 9 de março de 2013

JERRY LEE LEWIS: “THE KILLER”

Por Joao Carlos Mendonça
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No filme/DVD que retrata sua vida (GREAT BALLS OF FIRE. No Brasil, A FERA DO ROCK), há alguns pecadilhos e omissões, mas na verdade sua técnica ao piano era mesmo definida como “a mão direita erudita de um branco, e a esquerda, nigérrima!”. JERRY LEE LEWIS. Nascido na Louisiana em 1936, desde a infância suas aptidões para a música foram apoiadas pelos pais que, chegaram a hipotecar a própria residência para comprar-lhe um piano. Naquele período de separatismo radical entre negros e brancos, o garoto estudava o “gospel” dos templos religiosos enquanto, às escondidas, ouvia discos e apresentações de artistas de jazz/blues negros, pelos quais era fissurado. Foi assim que desenvolveu seu estilo, baseado naquelas técnicas de improvisos, misturando e acelerando as duas vertentes musicais. Tremendamente autoconfiante, beirando à arrogância, encrenqueiro e piadista, aos 19 anos gravou 2 músicas numa rádio local que foram discretamente apreciadas, mas ao ouvi-las, SAM PHILIPS (dono da Sun Records e descobridor de Elvis Presley) ficou fascinado e o contratou. Mais que isso, incentivava sua “pegada” rock and roll e sua postura despojada ao piano. Numa época onde a juventude costumava consumir mais “singles” (compactos com 2 músicas) do que LPs, seu som demorou um pouco à pegar, mas quando exagerou mais ainda, transformando um country/blues caipira num rock visceral, estourou nas paradas americanas. A canção era WHOLE LOTTA SHAKING GOING ON. Logo adiante veio GREAT BALLS OF FIRE, seguida por BREATHLESS e HIGH SCHOOL CONFIDENTIAL. Presley não estava mais sozinho. Seu “bom mocismo” heróico tinha um concorrente com muito sangue nas veias. Ok, LITTLE RICHARD fazia praticamente o mesmo, mas com pose “andrógina”, enquanto JERRY LEE era puro “cojones”. Loirão boa pinta, másculo e doidão. Para agitar mais ainda, JERRY gravou um álbum com “covers” de músicas negras, transformando-as em puro rock, dando-lhe o título de “THE KILLER”. O sucesso foi tanto que, ele próprio, devido à postura nos palcos, passou a ser reconhecido como O MATADOR (The Killer). Também era comum na ocasião, empresários juntarem vários artistas e levá-los em excursões pelas cidades dos EUA. Numa dessas, inconformado por ser preterido como “atração principal”, que encerrava os shows, neste caso pelo CHUCK BERRY, simplesmente botou prá rachar: tocou em pé, subiu sobre o piano, deitando-se e martelando as teclas e terminou por espalhar o fluido de seu isqueiro sobre o teclado, literalmente incendiando-o. Deixou o palco com a platéia delirando aos berros, assistentes desesperados lutando contra o fogo e ao passar por BERRY disse algo como: “agora vai lá e faz melhor”! Curiosamente, nos Estados Unidos não se fez tanto alarde, mas ao chegar à Inglaterra para uma série de shows, a imprensa não perdôo o fato de Jerry Lee ter casado com MYRA GAIL BROWN, que além de ser filha de um primo (prima/sobrinha em 2º grau ?), tinha apenas 14 anos de idade. O engraçado é que apesar de as apresentações lotarem, a platéia foi severamente hostil e o “killer” reagiu como de costume: retirou-se do palco, não sem antes mandar tudo e todos “sifu”. De qualquer maneira, não foi apenas o casamento que derrubou o artista. Naquela fase, vários artistas de sua geração já davam sinais de queda. Assim ele resolveu envolver-se com a música country americana, o que o sustentou por um longo tempo. Perdeu dois filhos em acidentes automobilísticos, separou-se de MYRA e seus relacionamentos posteriores terminaram em delegacias de polícias. Teve problemas com o alcoolismo e passou por várias cirurgias estomacais. Só à partir dos anos 80, a “fera” foi recuperar o antigo prestígio, voltando à velha forma e fórmulas, sendo homenageado e reverenciados pelos novos colegas, voltando à excursionar pela América, Europa e Ásia. “Só há um Jerry Lee Lewis e isto aqui vai ser um mundo muito triste quando ele for embora!” É ou não é totalmente THE KILLER ?

6 comentários:

Edu disse...

Amo muito tudo isso!

Pedro disse...

Parece que alguem andou lendo o livro As Raizes do Rock, muito bom!!!!!!
Sou viciado em seu blog e VIVA AO ROCK!
Abraços

João Carlos disse...

Com um tratamento gráfico desses qualquer texto cresce! Mais que demais!

Valdir Junior disse...

Adorei o texto JC !!!
O Jerry é um dos caras mais " Rock and Roll " desse mundo !!!
Uma vida cheio de excessos que indubitavelmente lhe cobrou o preço !!
O seus discos nunca deveriam sair de catalogo !!!

Unknown disse...

Esse cara era muito doido,mas sempre foi um grande roqueiro.

Pablo disse...

DEMAIS!!!!
Jerry "The Killer" Lewis faz o Johnny Cash parecer uma garotinha virgem perto dele.