segunda-feira, 4 de março de 2013

AS MUSAS QUE INSPIRARAM AS CANÇÕES

No dia 13 de fevereiro, publiquei um release do livro “Músicas & Musas – A Verdadeira história por trás de 50 clássicos pop” de Michel Heatley e Frank Hopkinson. http://obaudoedu.blogspot.com.br/2012/02/as-musas-que-inspiraram-as-cancoes.html.
Pois bem: o livrinho é simplesmente sensacional! Do rock à bossa nova, os autores revelam as musas que serviram de inspiração para os grandes hits. Quem é a Emily da música "See Emily Play", do Pink Floyd? O que aconteceu com Suzanne Verdal, inspiração de Leonard Cohen para a música "Suzanne"? O que mudou na vida de Prudence, irmã de Mia Farrow, depois que John Lennon escreveu "Dear Prudence"? Quem foi Pattie Boyd que inspirou músicas tanto de George Harrison quanto de Eric Clapton? Heatley e Hopkinson explicam como essas mulheres inspiraram as canções escritas sobre elas, seja por causa de um breve flerte em uma festa, uma visita à loja de discos local, seja simplesmente por causa de uma imagem de capa de revista. Se pudesse, colocaria o livro inteirinho aqui, mas como não posso, escolhi dois capítulos: da canção “Carrie Anne” dos Hollies, sobre Marianne Faithfull e “Jennifer Juniper” do menestrel Donovan em homenagem à jovem e bela Jenny Boyd, irmã mais nova de Pattie, mulher de George Harrison. Das 68 músicas citadas no livro, cinco são dos Beatles: “Dear Prudence”, “Lovely Rita”, “Lucy In The Sky”, Maybe I’m Amazed” e “She’s Leaving Home”. Espero que gostem. O livrinho tem 143 páginas em papel couché, capa dura e custa em média 39 reais. Vale à pena! Abração!
Carrie Anne - The Hollies
Marianne Faithfull era filha de uma baronesa austro-húngara e sobrinha-neta do barão Leopold von Sascher-Masoch, que desenvolveu a teoria do masoquismo. Ela tinha 17 anos e acabara de sair de um colégio de freiras quando compareceu a uma festa na Rua Wimpole, no West End em Londres. Foi acompanhada do namorado John Dunbar, pintor e pilar da cena de vanguarda da cidade. Estavam lá também Mick Jagger e Keith Richards, dos Rolling Stones, com seu empresário Andrew Loog Oldham. Marianne deixou Oldham bastante impressionado; ele fez alusão a seu "corpo sensual e sorriso virginal... e que nome! Marianne Faithfull! Impossível inventar um nome melhor que esse". Acrescentando Marianne ao seu rol de artistas, Oldham persuadiu Jagger e Richards a compor uma canção, "As Tears Go By", para ela. Depois que a canção se tornou o singie de sucesso da cantora no verão de 1964, enviaram-na numa turnê promocional, dessas típicas de meados dos anos 1960, com apresentações diversificadas, entre elas os Hollies, banda de Manchester de grandes sucessos. Embora Marianne tenha feito amizade com o cantor-guitarrista Graham Nash, a quem descreve como uma das "pessoas legais", foi com o vocalista, Allan Clarke, que ela teve um breve caso. Clarke era casado na época, mas Marianne relembrou: "Se a gente se sentisse bem, a gente fazia. Teria sido uma hipocrisia não dormir com alguém só porque esse alguém estava envolvido com outra pessoa!". Numa entrevista em 2007, Marianne recordou-se da velocidade relâmpago em que sua carreira fora lançada: "Eu fui pega de surpresa, e antes de perceber o que estava acontecendo já tinha um disco entre os mais vendidos e já estava numa turnê com os Hollies... Aos 18 tive um bebé, depois, aos 19, fugi com Mick. Aos 24 tudo foi por água abaixo. Vi que não conseguia segurar a barra". Em maio de 1967, os Hollies lançaram "Carrie Anne", um dos seus singles mais apreciados, composto por Clarke, Nash e o grande guitarrista Tony Hicks. Mas só em 1995, quase 30 anos depois, foi que Nash revelou a identidade de Carrie Anne. Entrevistado para a série-documentário de TV The History of Rock'n'Roll, ele afirmou que compusera a canção para Marianne Faithfull, mas "não tive coragem de usar o nome verdadeiro". Pouco tempo depois, ela terminou com Dunbar e embarcou num relacionamento com Mick Jagger, tendo primeiro dormido com os companheiros de Mick nos Rolling Stones Brian Jones e Keith Richards. O uso de drogas tornara-se norma para Marianne, que na época descrevera que sua vida estava fora dos eixos. Em fevereiro de 1967, ela estava entre os que foram detidos na casa de Richards em uma famosa batida policial. Ela se refere ao crucial momento como "aquele terrível flagrante das drogas". Encontrada coberta apenas por um tapete de pelo de urso, Faithfull, depois desse dia, foi comparada ao demónio. "Isso me destruiu. Num macho, ser viciado em drogas e agir como tal é sempre um realce e até um charme. Numa mulher, a situação faz dela uma vagabunda e uma mãe desqualificada." Em 1970, Marianne já tinha se separado de Mick Jagger. Era viciada em heroína e havia tentado suicídio, o que lhe custou a guarda do filho. Grande parte da década seguinte foi um inferno pessoal de vício e falta de um lar. Ela voltou a emergir em 1979 com o aclamado LP Broken English e retomou a carreira de atriz que havia iniciado nos palcos londrinos em 1967. Seu álbum mais recente, Easy Come, Easy Go, foi lançado em 2008. Tendo sobrevivido a um câncer de mama, pelo que se tornou uma espécie de tesouro nacional na Grã-Bretanha, ela continua realista em relação a si mesma: "A maioria dos jovens diria 'Esta mulher? Não quero cometer os mesmos erros!'. Sou uma espécie de antimodelo".
THE HOLLIES foram o grupo musical mais arrojado de Manchester nos anos 1960. O som que produziam tinha por base a estupenda mistura da voz de Allan Clarke com a dos guitarristas Tony Hicks e Graham Nash. Sob o pseudónimo "L. Ransford", eles também compuseram muitos dos seus sucessos de 1963 a 1968. Contudo, foi uma composição não original, "Look Through Any Window", que os fez estourar nos EUA em 1966. Passando a usar mais compositores de fora depois que Nash saiu para formar a Crosby, Stills & Nash, os Hollies tiveram grande êxito com "The Air That I Breathe" e, bem mais tarde, em 1983, com uma regravação de "Stop! In the Name of Love". Além disso, depois de "He Ain't Heavy (He's My Brother)", de 1969, ser veiculada num comercial de TV, seu relançamento ficou em 1º lugar no Reino Unido em 1988. Clarke se aposentou, mas Hicks e o baterista Bobby Elliott continuaram pelo novo milénio adentro.

Jennifer Juniper - Donovan
Embora Jenny Boyd tenha se casado com dois roqueiros, foi o trovador escocês Donovan quem compôs para ela um famoso tributo musical. A esbelta loira Jenny seguiu os passos da irmã mais velha, Pattie, como modelo. Pattie casou-se com George Harrison, o que levou Jenny para a "panelinha" dos Beatles. Jenny começou a trabalhar na loja do grupo, a Apple Boutique, que teve vida curta, e viajou com eles para um ashram na índia para aprender meditação transcendental. No outono de 1967, ela posou com Donovan, outro confidente dos Beatles, no Bodiam Castle, em East Sussex, Inglaterra, para a sessão fotográfica da capa do álbum do cantor, A Gift from a Flower to a Garden. Extasiado com o charme de Jenny, ele compôs "Jennifer Juniper" para ela. "Eu tinha uma queda pela Jenny, então ela ganhou uma música", explicou Donovan. Ele nega os boatos de que eles tiveram um caso, embora tenham viajado para a Grécia juntos. Lançada como single no início de 1968, a letra da música, com o verso final em francês, foi elaborada no estilo pergunta e resposta. Naquele ano, as irmãs Boyd abriram uma barraca de antiguidades na feirinha de King's Road, Chelsea, e deram a ela o nome de Juniper, em homenagem à música. "Juniper" é uma variação de "Jennifer"; os nomes têm a mesma origem. O interessante é que o verdadeiro nome da modelo é Helen Mary Boyd; "Jenny" foi um apelido dado por Pattie, por ser o nome de sua boneca favorita. Já iniciada na cultura hedonista da década de 1960, os experimentos de Jenny com maconha e LSD levaram-na ao tribunal em 1968, acusada de posse de drogas. Seu consumo também a levou a uma revelação: "Certo dia, percebi algo surpreendente, que hoje posso identificar como um despertar espiritual. As crenças cristãs tradicionais que eu havia aprendido quando criança se desfizeram quando, de repente, reconheci que não existia nem Deus lá no alto nem inferno lá embaixo. Deus estava em toda parte, dentro de cada um de nós. Passei a perceber tudo como um ciclo: vida, morte e renascimento, ou reencarnação". Na época, ela estava envolvida em um relacionamento tempestuoso com o baterista do Fleetwood Mac, Mick Fleetwood, que fora "enfeitiçado" por ela quando ela tinha apenas 15 anos. Jenny recorda que, em 1966, "conheci alguém em Roma e me envolvi. Contei para Mick quando voltei para casa, e ele ficou muito transtornado. Foi um rompimento e tanto". Eles acabaram se reconciliando e se casaram em junho de 1970. Quando se mudaram para Los Angeles, em 1974, ela começou a explorar mais seu lado espiritual. A entrada de Lindsey Buckingham e Stevie Nicks para o Fleetwood Mac deu início a uma notável volta por cima da banda, mas acelerou o fim do casamento de Jenny e Mick. Ela voltou para a Inglaterra por alguns meses, retornando a L.A. para se casar, mais uma vez, com Mick em 1976. Mas o sucesso fenomenal do álbum Rumours e o crescente consumo de drogas e álcool pelo casal precipitou a derrocada final de seu relacionamento de 15 anos apenas seis meses depois. Jenny casou-se com o antigo baterista do King Crimson, lan Wallace, em 1984, e o casal dividia seu tempo entre a Califórnia e Surrey antes da morte de Wallace em 2007. Cultivando seu interesse por psicologia, Jenny concluiu seu bacharelado em humanidades, fez mestrado em psicologia e, por fim, um doutorado em 1989, após o qual ela se tornou consultora em psicologia clínica. Jenny juntou os temas recorrentes em sua vida para escrever Musicians in Tune, um livro sobre músicos e a psicologia da criatividade.
DONOVAN Leitch foi descoberto enquanto trabalhava como músico de rua. Ele ficou famoso quando o folk estourou na década de 1960, alinhando-se primeiro a Bob Dylan e depois aos Beatles. O cantor e compositor hippie fez sucesso no Reino Unido e nos Estados Unidos, conseguindo os primeiros lugares com singles e álbuns. Ele foi um dos muitos que participaram do ashram na índia junto com os Beatles e Jenny Boyd. "Jennifer Juniper" foi lançada em 1968, quando Donovan já havia alcançado a fama nos Estados Unidos com "Sunshine Superman". Ele fez sucesso similar em seu país natal com uma versão de "Universal Soldier", de seu colega cantor folk Buffy Sainte Marie. Donovan acumulou mais álbuns no Top 40 durante a década de 1970, antes de sua popularidade e relevância se esvaecerem. Ele é pai da atriz lone Skye Leitch.

5 comentários:

João Carlos disse...

Muito bom EDU! Vou ver se acho esse livro aqui. Li sobre ele o ano passado e futuquei pela Net. Achei algumas coisas e outras (de brasileiros)que eu já conhecia e escrevi um SS no nosso 12/6/12.Não sei se vou reproduzir este ano. Acho que na ocasião, vou te mandar antes prá você me dá uns conselhos!

João Carlos disse...

AHHHHHH! Certamente li foi aqui no Baú mesmo!

Valdir Junior disse...

Admiro a Marianne Faithfull !!
A Jenny Boyd foi testemunha ocular do " Flagra " que Cinthia deu no caso que John & Yoko estavam tendo !!

João Carlos disse...

As irmãs Boyd eram sensacionais hein Valdir e EDU ? Marianne também!

Valdir Junior disse...

Sou suspeito para falar das " Boyd Girls " !!!
Sou apaixonado pela Patti e tenho ela como um dos modelos de beleza !!