terça-feira, 22 de janeiro de 2013

GOODBYE - O TRISTE ADEUS DO CREAM


Como um gesto de despedida, o Cream lançou o seu quarto álbum, Goodbye, que, como o anterior, misturava música ao vivo e de estúdio. O Cream, originalmente, pretendia lançar outro álbum duplo, com formato similar a Wheels of Fire, mas não tinham material de qualidade suficiente para isso. Em vez de se concentrar em material inferior que, provavelmente, os fãs teriam comprado de qualquer maneira, Clapton, Bruce e Baker selecionaram três performances extraordinárias ao vivo (I'm So Glad, Politician e Sitting on Top of the World) e três canções produzidas no estúdio — cada membro da banda compôs uma. O contraste entre as bandas ao vivo e em estúdio ficou evidente de novo: o material ao vivo, incandescente com a energia liberada, a ênfase diretamente no virtuosismo dos três músicos individualmente, enquanto o material de estúdio centrava-se na melodia e no arranjo das canções. O novo número de Jack Bruce e Pete Brown, Doing That Scrapyard Thing, era um olhar nostálgico para dias melhores, completo com o tipo de imagens extraordinárias características das letras de Brown. Para conseguir o incomum som de órgão que permeia a canção, Clapton usou uma caixa Leslie especialmente adaptada para guitarra. A contribuição de Ginger Baker para Goodbye, What a Bringdown, era um comentário sobre o fim do grupo, espertamente disfarçado numa letra desconjuntada. A música de Clapton, Badge, uma parceria com George Harrison, era de longe a melhor do disco. Conforme Harrison lembrou, a canção foi composta quando ele, Clapton e Ringo Starr estavam em sua casa, relaxando e trabalhando em uma letra sem sentido. "Aquela canção era bem boba", disse Harrison ao entrevistador Timothy White. "Ringo estava sentado bebendo, já meio louco, falando qualquer coisa. A parte sobre 'Our kid, now he's married to Mabel' [Nosso garoto, agora ele casou-se com Mabel], bem, 'nosso garoto' é uma expressão de Liverpool que geralmente significa seu irmão mais novo. A gente estava se divertindo." O título da canção derivava de um mal-entendido engraçado que ocorreu naquela mesma noite, quando Clapton se confundiu com a caligrafia de Harrison. "Estávamos escrevendo a letra na casa de George, com Ringo e eu gritando e Harrison escrevendo. No papel parecia estar escrito badge, mas na verdade era bridge. Eu disse, taí um bom nome para a canção e ficou." Nem Harrison nem Ringo receberam os créditos na capa do álbum (embora Harrison fosse citado nos créditos de autoria subsequentes); nem Harrison foi citado por seu trabalho como guitarrista convidado na faixa. No produto acabado, Harrison tocava guitarra base até a ponte da canção, quando Clapton entrava com a guitarra plugada numa Leslie para conseguir o arpejo característico que acentua a segunda parte. A contribuição de Harrison à gravação ficou registrada através do pseudónimo bem-humorado de L'Angelo Misterioso.

Por estranho que pareça, Badge, uma canção imensamente popular ao longo da carreira de Clapton, não chegou a lugar algum quando foi lançada como compacto, com What a Bringdown no lado B, em abril de 1969. Talvez isso se devesse ao sucesso de "Goodbye", que foi para o topo das paradas nos Estados Unidos e na Inglaterra, ou porque o público estava saturado com o excesso de produtos (White Room/Those Were the Days tinham sido lançados em janeiro de 1969); qualquer que seja a razão, o fracasso da canção nas paradas foi um final infeliz para a carreira fonográfica de uma banda que, em três anos, criou uma obra que mostrou a direção que o rock tomaria durante algum tempo. Essa versão que a gente confere agora foi realizada na reunião do “Cream” original com Eric Clapton, Jack Bruce e Ginger Baker no London Royal Albert Hall em maio de 2005. Absolutamente genial.

Ih! Quase ia esquecendo... Fonte do texto: "Crossroads - A Vida e a Música de Eric Clapton", de Michael Schumacher - 2005.

6 comentários:

Edu disse...

O que é que dá a junção de três músicos extraordinários? "CREAM". como diz o nome, "A NATA".

henrique disse...

Tava sentindo falta de um post sobre o Cream...apesar de eu não ser fã de virtuosismo solo, gosto deles. Acho que eles buscavam um equilíbrio entre a música e as apresentações "à parte". Ah, e o etilo do Baker é muito bacana, meio Jazz. Salvo engano ele tem uma formação de Jazz.

Valdir Junior disse...

Depois dos Beatles o CREAM é a banda que mais adoro e amo !!!
Badge é perfeita : George + Clapton + ( Ringo ) = Clássico Arrebatador
Tem muita banda por aí afora que deveria aprender com o Cream ( e os Beatles ) e saberem a hora de parar !!!
Goodbye foi uma boa despedida junto com o concerto no Royal Albert Hall em 1969 ( que já saiu em DVD tambem ) !!

João Carlos disse...

uma tremenda banda mas de tiro curtíssimo.

Nathan de Lima disse...

Edu, sou novo por aqui e só tenho que te parabenizar pelo blog. Já está na minha lista de favoritos! Para quem é beatlemaníaco e amante da cultura pop, esse é o lugar perfeito!

Edu disse...

Valeu, Nathan! COME TOGETHER!!!