terça-feira, 24 de maio de 2011

PAUL ENCANTA O RIO NOVAMENTE

Quem compareceu às duas noites de Paul McCartney no Engenhão, dificilmente se arrependeu de ter repetido a dose nesta segunda-feira. A mudança começou na roupa. O ex-Beatle largou o blazer azul e saudou a plateia de terno e gravata pretos, camisa azul com colarinho branco, e os mesmos suspensórios. Alterou também o setlist, incluindo a abertura da apresentação: "Hello, Goodbye", tocada no domingo, deu lugar à "Magical Mistery Tour". Além desta faixa, saíram: "Drive my car", "Get back" e "I've just seen a face". Entraram, ao lado de "Magical Mistery Tour", "Got to get you into my life", "I'm looking through you" e "I saw her standing there".
Das dezenas de cartazes "na-na-na" vistas no coro de Hey Jude, apenas uma meia dúzia sobreviveu, dando lugar a um leque promocional distribuído por patrocinadores. Os balões coloridos compareceram, desta vez acompanhados por "minhocas" infláveis, de cores igualmente variadas. Mas as mudanças não foram apenas na forma do espetáculo. Paul parecia mais solto, mais confiante no português que falou mais, e melhor, embora não o suficiente para deixar de arrancar risos do público.
Chegou a bater no próprio peito e decretar: "Carioca". Depois da quarta música, "Coming up", por exemplo, ele ensaiou o mesmo discurso do dia anterior, com "esta noite vou tentar falar português", mas interrompeu e disse: "You know what? I'll take a moment to look at you" (Querem saber, vou parar um momento para olhar para vocês). Obviamente, ganhou a plateia sem esforço. Houve até um momento de vaia coletiva, mas não para o músico. Um elemento se sentiu no direito de subir na torre de som do Engenhão e foi perseguido por seguranças enquanto pulava de uma barra de ferro para outra. Foi expulso do estádio, segundo os seguranças do evento.
Para completar, o seu chefe de segurança, logo após a execução de "I Saw Her Standing There", escolheu quatro meninas para subir ao palco e Paul anunciou o nome de cada uma. A primeira, Laura, aos prantos, estava com um cartaz dizendo "Paul, quero te abraçar" em inglês. Em seguida, Carolina, também se debulhando em lágrimas, recebeu um abraço efusivo do ex-Beatle, que não conteve a gracinha: "She's happy". Depois, mais calmas, Júlia e Maria se enroscaram com o ídolo, que só disse não ter nada a dizer antes de se retirar para o segundo intervalo, que traria as quatro últimas músicas do show (as mesmas de domingo). O sorriso do senhor de 68 anos não precisava de explicação.
Paul também marcou pontos ao mudar, pelo menos na ordem, boa parte das piadinhas na língua local escritas na "cola" grudada no chão. Manteve várias delas, mas falou coisas diferentes, mexeu mais com o público durante as músicas. Até o seu solo na Les Paul, em "I've Got a Feeling", soou mais descontraído, improvisado. Em meio à diversão, os músicos chegaram a tropeçar, no fim da sétima música, "Let Me Roll It". Paul parou, a banda continuou. Se olharam, riram, e o ex-Beatle voltou a tocar. Novamente, o grupo afinadíssimo fez a diferença. O corpulento baterista, Abe Laboriel Jr., estava mais do que inspirado. Foi bastante aplaudido com suas coreografias exóticas em "Dance Tonight", do disco "Memory Almost Full", lançado por "Macca" em 2007.
Dos gritinhos com cara de pavor de Paul antes de "Paperback Writer" à histeria coletiva no show pirotécnico da potente "Live and Let Die", o ritmo intenso não abateu o ex-Beatle. De novo, Paul "Wix" Wickens impressionou sintetizando cordas, sax e o que mais fosse preciso no rack com Yamaha Motif e Kurzweil. Os dois guitarristas, Rusty Anderson e Brian Ray, abusaram dos trastes e chegaram a fazer uma breve jam com o chefe no encerramento. Paul também se surpreendeu com o "uh-uh-uh" que a plateia continuou cantando depois de "Back in the USSR". Respondeu: "Ótimo", em português, e entrou na brincadeira, testando o agudo do povo.
No fim, saiu dando beijinhos no cachorrinho com a bandeira do Brasil arremessado ao palco, colocou a mão no peito e disse: "Foi fantástico", em português. Encerrou com as mesmas palavras que, porém, não tiveram o mesmo significado. Se no domingo o "até a próxima" do ídolo se traduzia em um dia, nesta segunda, a torcida foi para que a expressão não se converta novamente em 21 anos de espera. Obrigado, Paul.

Um comentário:

Valdir Junior disse...

Esses Shows ou parte deles ainda acabam saindo em DVD oficial , essa parte do Hey Jude principalmente !