domingo, 24 de abril de 2011

PETE HAM - A TRÁGICA SAGA DE BADFINGER

O que era para ser um conto de fadas se tornou um pesadelo. Afortunados pelo apadrinhamento dos Beatles, a carreira de Badfinger parecia bastante promissora. E foi nos primeiros anos. Houve o sucesso, primeiros lugares, fama e fortuna. Mas, por uma série de fatores que não caberiam aqui, veio a queda. Para o lugar mais profundo do poço. A coisa já vinha ruim para a banda desde 1973, quando terminou o contrato com uma falida Apple. Assinaram um contrato milionário com a Warner Brothers, e nunca viram um tostão. Foram roubados pelo empresário safado. E a coisa foi crescendo, crescendo... até explodir!
Na manhã do dia 24 de abril de 1975, por volta das 7h30, o corpo do jovem Peter William Ham, de apenas 27 anos, é encontrado enforcado na garagem da casa onde morava. Peter havia se suicidado. Uma tragédia de proporções catastróficas. Anne chamou Tom, que chamou Joey, Mike e todo mundo. Depois, entrou em estado de choque e poderia perder o bebê que estava esperando. No funeral,amigos e parentes. Inclusive o velho amigão dos Beatles e do próprio Badfinger, Mal Evans, que seria assassinado pouco depois durante um tiroteio com a polícia.
Peter Ham foi um dos melhores compositores de sua geração. Desde o início - mesmo antes dos Iveys - Peter já demonstrava toda uma coerência que teria com sua música e com toda a sua carreira. Com a banda, sua música se consolidou, tomou forma. As entradas de Tom Evans e Joey Molland foram importantíssimas para o seu crescimento como compositor e multi-instrumentista. Com eles, suas canções se tornaram tudo o que são hoje, reias. Clássicos da música pop. Peter nasceu no dia 27 de abril de 1947, no hospital Gwent Gardens, em Swansea, Wales, Inglaterra. Quando foi “possuído” pelo Rock’n’Roll, tinha treze para catorze anos. Trabalhava como assistente do irmão mais velho, John Ham, como eletricista. Mas já demonstrava todo seu talento musical desde muito cedo. Sua família ficou muito espantada quando aos quatro anos começou a tocar gaita. Tocava músicas inteiras sem um erro sequer. O choque que levou ao conhecer o rock foi muito parecido com o de todos nós quando temos essa idade. Um belo dia você ouve uma música. Então percebe que a partir dali, toda sua vida mudou de sentido. Peter já gostava muito do rock que havia antes dos Beatles. Mas quando “PLEASE PLEASE ME” explodiu em 63, muita coisa explodiu junto!
Foi seu irmão - John - que lhe deu sua primeira guitarra elétrica. O mundo virou festa. Logo depois aprendeu a tocar piano sozinho. Quando era perguntado sobre qual era seu instrumento preferido, se embaraçava. Gostava de qualquer coisa que fizesse som. Guitarra na mão e mil ideias na cabeça. Deixou a escola muito cedo. Mas, foi lá que conheceu Mike Gibbins e juntos formariam a base do que dois anos depois seria “OS IVEYS”. Existem apenas dois discos “solo” de Peter Ham. “7 PARK AVENUE” e “GOLDERS GREEN”, lançados em março de 97 e julho de 99, respectivamente. Todos os dois foram editados brilhantemente pelo grande DAN MATOVINA, o maior pesquisador que existe sobre este assunto. Dan também é autor do best-seller “WITHOUT YOU - The Traggic Story of Badfinger”, de 97 e que se tornou o livro de rock mais vendido daquele ano e do seguinte no segmento “classic rock”.
Nestes dois álbuns encontram-se dezenas de canções inéditas que Peter compôs ao longo de sua brilhante carreira e que nunca chegaram a ser lançadas. O plano era lançar esses discos como artista-solo. Mas isso nunca aconteceu. Mesmo as versões das canções que conhecemos tão bem, como “NO MATTER WHAT”, por exemplo, possuem arranjos bem diferentes do que foram lançados oficialmente. Na verdade, as canções nestes discos, são apenas rascunhos. Os dois nos mostram um Peter Ham muito seguro de si como compositor. Mas a crueza dos seus versos em relação à sua vida é bastante entristecedora. O que em nada desmerece seu trabalho. Muito pelo contrário. Quase todas as canções - mesmo os rockões - falam de dor, perda, sofrimento e solidão.
Não existe justificativa para uma perda tão prematura como a de Peter William Ham. Tantos “amigos influentes”, tão poderosos... mas que nunca mexeram uma palha sequer. Todos são responsáveis pela sua morte. Todos que estiveram envolvidos com a banda, de uma forma ou de outra. O que procuramos - e é um dos objetivos desse trabalho - é o reconhecimento pelo homem que ele foi e por sua música maravilhosa. Quando se referirem a ele, façam com muito respeito. Afinal, Peter foi responsável por dezenas de sucessos. Não importa se são apenas boas canções. São reais. Explodiram. Foram O sucesso! E estão nos discos para quem quiser ouvir. Isso, nenhum ladrão vai mais poder roubar. Muito obrigado, Pete.
Mas a história da trágica saga de Badfinger não termina aí, na morte de Pete. Ainda tem muito mais. Este vídeo que a gente confere a seguir, é sensacional! Mostra a banda no campo, na época que estavam em Crearwell, Wales. Muitas dessas cenas foram utilizadas também do vídeo clipe de “Day After Day”. Espero que gostem. E lembrem-se: toda a história de badfinger com fotos, vídeos e downloads bacanas está bo ESPECIAL BADFINGER DO BAÚ DO EDU: http://obaudoedu.blogspot.com/2010/08/especial-badfinger-postagem-n-1000.htm
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5 comentários:

João Carlos disse...

Ainda acho que o reconhecimento do gênio e da importância de Peter Ham é muito pouco.Pérolas aos porcos.
E a história de seu suicídio não foi devidamente,verdadeiramente esclarecida.Que sofrimento,que desespero poderiam levar um jovem brilhante à tal atitude ? Porque tenho certeza que só ou com o Badfinger,seu talento iria prevalecer.

Anônimo disse...

William Pete Ham é um dos maiores gênios musicais de todos os tempos. Ninguém consegue fazer muita coisa até os 27 anos. Pete criou um universo musical incrível numa tenra idade. Coisa que só um gênio, na verdadeira acepção da palavra pode fazer. Pete Ham é gênio musical da humanidade.

Sergio disse...

William Pete Ham foi um dos maiores gênios musicais de todos os tempos. Ele criou um universo musical numa tenra idade, coisa que só um gênio pode fazer.

serluifer@hotmail.com disse...

Os Beatles não têm unanimidade. Recentemente fizeram uma pesquisa na Inglaterra e a banda escolhida como a melhor de todos os tempos por lá foi o Queen. Quanto ao Badfinger, até posso reconhecer a superioridade dos Beatles (acho a música deles muito esteriotipada), mas, para mim, Pete Ham que foi integrante do The Yves, do Badfinger, e também fez muita coisa por conta própria, é superior a qualquer um dos garotos de Liverpool. Pete Ham era um artista completo: compositor, cantor e multi instrumentista. E não chegou a viver 28 anos. Só não se projetou mais, talvez, por causa do seu temperamento: ele era muito tímido. Ele tinha noção que a Mídia atrapalha mais do que ajuda, e que exposição demais é nocivo e procurava ficar na dele. Por isso ele nunca foi o cara para Mídia. Ele é o cara para os fãs, para os admiradores que tem noção do que ele produziu, da sua genialidade. Isso é suficiente para nós. No fundo é isso o que importa.

Mesmo respeitando a história e a obra de John Lennon, dos demais Beatles e de outros artistas do período, penso que o trabalho de Pete é bastante superior. Talvez uma comparação mais adequada à genialidade de William Pete Ham fosse relacionar o trabalho dele com algum autor clássico, embora a limitação do estilo Rock. É que Pete estava acima do momento musical que viveu e da própria obra que criou. Abaixo retirei um trecho que encontrei num SITE e que ajuda a dar uma idéia legal sobre ele. Há artistas que precisam viver toda uma vida para mostrar seu talento. Para Pete seus menos de 28 anos foram mais que suficientes para mostrar a dimensão da sua arte.

Mas para mim o que chama mais atenção em William Pete Ham é sua simplicidade. Você é capaz de identificar nele um cara como você, como qualquer um de nós. O diferencial é mesmo só a capacidade criadora, a habilidade na arte de compor, de tocar instrumento e de cantar. Quando se fala em gênios, normalmente essa turma parece pairar acima do bem e do mal, há uma nuvem que os protege, uma distância enorme acima dos mortais comuns. Com Pete Ham isso não acontece. Um cara simples, extraordinário que não conseguiu sequer usufruir do trabalho da sua genialidade.



Sérgio

Sergio Luiz Fernandes disse...

Com um pouco da desglamurização dos Beatles, que segundo John Lennon eram mais famosos que Jesus Cristo, vem à tona a importância da Banda Badfinger, mas especialmente de suas duas principais estrelas: William Pete Ham e Tommy Evans que são os dois autores da música Without You que fez um estrondoso sucesso na interpretação de Harry Nilson na década de 70 e de Mariah Carey nos anos 90. Pete e Tommy se suicidaram em 1975 e 1983, respectivamente. O fato de ser uma “Banda apadrinhada pelos Beatles” segundo o entendimento de muitas pessoas, resultou numa importância menor do Badfinger e seus integrantes. Com a descoberta de Dan Matovina, Biógrafo do Grupo, de inúmeras canções de Pete, compostas ainda em sua adolescência e as muitas homenagens que estão sendo prestadas na cidade natal dele e no próprio cemitério onde o artista mítico está sepultado, a verdade está vindo a tona.. O trabalho de Dan Matovina é simplesmente espetacular, e se não fosse ele, iríamos acreditar por longo tempo que Pete era um eterno apadrinhado da Banda famosa. Pete tinha luz própria e que luz! Felizmente a história está fazendo justiça ao músico inigualável. No tempo do auge de Paul Mccartney, John Lennon, George Harrison e Ringo Star, músicos ou Banda ligados aos Beatles dificilmente conseguiam vida própria. Seria impossível ameaçar a superioridade dos “Deuses do Rock”. O próprio George Harrison teve inúmeras dificuldades para incluir suas músicas no catálogo Beatleniano. Com o achado de tantas composições, Pete começa a virar o jogo e revelar aos fãs, ao público em geral quem era verdadeiramente “ o cara” daquele período. Coitado do Pete. O cara era um gênio da música e não teve seu enorme talento reconhecido na época. Quem é o culpado por isso? Pete Ham compôs cerca de 140, 150 canções, muitas delas verdadeiras preciosidades, e o surpreendente é que ele não chegou a viver 28 anos. E tocava piano e guitarra magistralmente, era um cantor diferenciado, mas, sobretudo compunha letras e canções como ninguém. Este é o diferencial. Embora um fã como eu diga de peito aberto que qualquer coisa que Pete produzisse era única e inigualável. Um Shakespeare da música.

Alguns artistas precisam de toda uma vida para mostrar seu talento. Os menos de 28 anos de vida foram mais que suficientes para que o incomparável músico revelasse a dimensão da sua arte. Na placa que homenageia Pete Ham está escrito: Mestre da melodia. Eu acrescentaria: Gênio da música, Gênio da arte, Gênio da vida.