terça-feira, 4 de janeiro de 2011

A QUESTÃO DOS DISCOS REMASTERIZADOS

Caríssimo Carlos Edu, obrigado por passar por aqui e deixar sua opinião. Acho que ninguém seria tão tolo assim. Nem eles, nem nós! Quando começei a comprar meus primeiros CDs dos Beatles nos anos 80, confesso que me decepcionei muito. Na minha imaginação, aquela nova mídia que substituiria os maravilhosos bolachões de vinil tinha que ser algo absolutamente formidável! Os disquinhos eram "feinhos" e pequeninos. As capas também, claro! Perdiam de longe para a beleza e o charme dos velhos LPs. Quanto ao som, que anunciavam como "cristalino e extraordinário", a única diferença que notei foi que não havia mais os chiados. O mesmo não aconteceu quando comprei as novas versões lançadas em 2009. Ainda hoje estou maravilhado. Dessa vez, realmente percebe-se com uma clareza absurda, cada instrumento, cada respiração.

O QUE É REMASTERIZAÇÃO?

Entre outras definições, a remasterização é um procedimento que foi intensivamente aplicado às trilhas musicais que as gravadoras tinham arquivadas e que foram utilizadas para fazer os antigos discos de vinil. Quando surgiu o CD, na década de 80, todos os lançamentos na nova mídia eram de trilhas dos antigos discos que foram regravados em cd. A remasterização é a superposição digital dos canais gravados em fita para montar uma música. A finalidade básica da remasterização é a filtragem do som. O som gravado em formato analógico tem consigo várias deficiências, por melhor que tenha sido feita a gravação, apresentando chiados e ruídos. A filtragem permite a limpeza e perfeita equalização dos canais gravados. Na verdade, remasterização pode ser entendida como uma cópia de um som para uma outra mídia.

Esses CDs remasterizados são realmente tudo isso?

São, sim. No início de setembro, no dia 9/9/9, a EMI relançou toda a discografia “oficial” dos Beatles em três formatos. Eles podem ser comprados separadamente ou em duas caixas - uma na versão estéreo e outra em mono. Os álbuns foram remasterizados e ganharam um mini documentário que acompanha cada disco. Neles, o produtor George Martin e os Beatles explicam o processo de gravação de cada um. Desde seu lançamento, os álbuns tem ganhado resenhas laudatórias por parte do primeiro escalão do jornalismo musical internacional. Mark Edwards do Independent, desculpou-se pelo uso de um clichê batido: “É como ouvir estes discos pela primeira vez”. E todos estão certos. Poucas experiências são tão emocionantes como ouvir os discos de uma maneira muito próxima à concebida pelos Beatles. Há de se fazer uma explicação sobre o porquê da remasterização estar sendo tratada como o Santo Graal. Quando o CD surgiu, no início da década de 80, boa parte das gravações foi transferida para a nova tecnologia. Eles eram digitalizados e passavam de LP para CD. O problema é que muitos dos técnicos que fizeram essas edições simplesmente transportaram esses álbuns sem a menor preocupação com detalhes como a mixagem dos trabalhos e o volume de cada instrumento, e nem sequer tiveram o cuidado de estudar o artista que estava sendo digitalizado. A discografia dos Beatles, lançada para CD em 1987, também foi tratada com descaso. Os Cds tinham um som “reto”, ou seja, não ressaltavam os detalhes de cada música.

Alan House, técnico dos estúdios de Abbey Road, passou quatro anos cuidando do processo de remasterização dos álbuns dos Beatles. Ele pegou as masters mono e estéreo de cada disco e trabalhou faixa por faixa. O resultado é magistral. Há uma precisão de detalhes em cada música, que passavam despercebidos nas edições anteriores. Como o violão de Paul McCartney em Things We Sai Today e a bateria de Ringo em Taxman. Aliás, o trabalho de McCartney com o contra baixo se mostra soberbo e chega ao clímax em Abbey Road.Os fãs dos Beatles têm se dividido entre comprar a versão mono ou estéreo. Cada uma tem suas próprias características. A versão estéreo foi lançada numa caixa luxuosa, com fotos raras e um DVD com um documentários sobre as gravações - o mesmo que está dividido nos discos vendidos em separado. Em compensação, a caixinha mono tem versões diferentes das dos discos em estéreo (She’s Leaving Home, de Sgt. Pepper’s, é tocada num modo mais rápido, Strawberry Fields Forever btambém aparece de forma mais psicodélica). Os Beatlemaníacos mais xiitas defendem que o quarteto gravou aqueles discos com a tecnologia mono - e que ouví-los em estéreo seria um pecado contra a concepção de John, Paul, Georges (o Harrison e o Martin) e Ringo. Não importa. Seja mono, seja estéreo, num aparelho de última geração, num I-pod ou numa vitrola, o relançamento da discografia dos Beatles é essencial e imperdível!

7 comentários:

Valdir Junior disse...

Olá Edu !!!

Sem sombra de duvida esta Remasterização e bem melhor do que a masterização anterior ( tanto de som quanto de embalagem ).
Mas tem muito artista por aí que relança sempre os mesmos discos com a desculpa de uma ´´ remasterização ``, Ex : Os Rolling Stones , a cada mudança de gravadora ( Sony , EMI e agora Universal )eles colocam todo o catalogo novamente no mercado com esta desculpa , por um lado pra quem não tem os discos é legal porque vai encontrar facil , mas quem já tem se não for esperto compra tudo de novo.
O Paul agora tambem vai apostar em relançar seus discos, mas a ´´ The Paul McCartney Collection `` lançada em 1993 já não era um remasterização ???, tudo bem que agora saí A Special Edition,Deluxe Edition com faixas bonus/DVDs e livros e etc.. ,Mas acho que nós fans /colecionadores devemos sempre analizar o que vale a pena comprar ou não.
E fica aí uma discução : Até onde as gravadoras/artistas estão realmente querendo colocar um produto que seja aquilo que os fans vão realmente querer ver e ter ???!!!
Hare Krishna e um abraço !!!!

João Carlos disse...

Assino embaixo tudo que o Baú explicou sobre o tema.Mas curiosamente a remasterização ressalta também os defeitos como as "emendas" em Abbey Road.Sou até mais radical porque gostaria que fossem remixados os discos em estéreo.George Martin se penitencia até hoje por ter feito meio "à toque de caixa" e os 3 Beatles no Anthology chegam à "gozar" com os estéreos". Basta ouvir Hey Bulldog,Lady Madonna,All You need is love...bateria lá num cantinho,baixo do outro lado etc e tal.Não se trata de alterar nada ou colocar efeitos e que tais.Apenas distribuir melhor os instrumentos nos canais.Mas tem os xiitas etc,etc mas um dia farão.

Danielle Starkey disse...

Eu gosto mesmo é dos ruídos do vinilzão.

Rogério disse...

O som do vinil e aquela mixagem embraralhada faziam a gente adivinhar os detalhes de cada instrumento. Agora, a tecnologia e a curiosidade infinita dos fãs fazem ressaltar cada detalhe, inclusive os defeitos e coisas que não são defeitos, como um instrumento colocado em alguns segundos da música, que agora a gente vê que somem em seguida, quebrando a idéia da banda tocando um som perfeito e gritando "overdub"!!! A tecnologia está aí, para o bem e para o mal...
PS: Edu, é a 1a vez que eu me manifesto aqui, por isso digo: seu blog é 1000!

Unknown disse...

O vinil sempre tem espaço no coração das pessoas.

Unknown disse...

Aqualidade da remasterização depende, muito, de 2 coisas: o master original usado, e o tecnico que põe a mão nesse trabalho. De nada adianta ter a fita master se o tecnico aplica o "famosão" filtro anti-ruído, pra tirar ao máximo o ruído de fundo da fita master ou do Lp usado como fonte. Ai perde-se parte da dinamica do som e a ambientaçao do local que foi captado o som. Filtro anti-euido so nos master com elevado nivel de ruido e de forma minima ou moderada. Mas ai eu to falando com as paredes porque ninguem se atrave a mudar a moda!!!!

Anônimo disse...

O Problema das remasterizações, são aquelas que fazem uma compressão de áudio absurda tirando todo range dinâmico.