segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

OS ATIRADORES DE ELITE DE PAUL McCARTNEY

Por Michael Molenda
Revista Guitar Player nº 117 - janeiro/2006

O trabalho de Rusty Anderson vai além de apresentações com um ex-beatle. Ele tem chegado muito mais aos nossos ouvidos. Como músico de estúdio, Anderson participou de sucessos como Living La Vida Loca (Ricky Martin), The Game of Love (Santana) e de álbuns do Walflowers, Elton John, Sinead O’Connor, Courtney Love e outros artistas. Neste ano, o guitarrista free-lancer de Los Angeles lançou o trabalho Undressing Underwater (Surfdog)
“As pessoas têm me falado que ele soa como um disco de pop britânico”, diz Anderson, “Mas eu apenas deixei que meu estilo natural aflorasse e procurei não pensar demais sobre nada. As canções se formaram ao longo do tempo, como estalagmites e estalactites”.
Não importa como as músicas surgiram, Undressing Underwater (Surfdog) é fantástico. Trata-se de um trabalho repleto de texturas que traz a energia do glam, surf music, rock clássico, hard rock, new wave e punk pop, além de conter partes maravilhosas de guitarra, belas melodias e arrojadas harmonias vocais.

“Gosto de cores”, diz ele. “E curto linhas de guitarra que funcionem verticalmente e horizontalmente – o que significa que a linha é boa por si só e também funciona dentro do contexto da música. Uma boa parte deve lembrá-lo instantaneamente de uma sensação especial, recordar uma gravação favorita ou produzir uma emoção – é o que chamo de “lembrança involuntária”.
Influenciado pelos três Micks – Mick Ralphs, Mick Jones (The Clash) e Mick Ronson -, Jimi Hendrix (“Axis Bold as Love é a bíblia da guitarra para mim”), Adrian Belew, Tom Morello, Steve Hackett e Jonny Greenwood (Radiohead), Anderson toca sempre com um timbre decisivo e articulado.

“Em termos sonoros, tenho a tendência de partir para a saturação, e acredito que o ataque é muito importante”, ele explica. “O som de Mick Ralphs em Mott, do Mott the Hoople, por exemplo, é consistente e elegante, além de ter um ataque muito bonito. Este é o exemplo perfeito da utilização equilibrada de saturação e ataque”.
Embora o disco de Anderson esteja repleto de surpresas sonoras, ele afirma que uma tonelada de equipamento nem sempre é necessária. “Você pode distrair-se facilmente com equipamentos e perder o foco de criação”, diz ele. “Acredito que os gostos das pessoas aparecem no momento em que elas tocam um instrumento, e é com isso que você pode contar. Técnica e equipamentos são apenas meios para um fim: a comunicação de suas idéias para outras pessoas. Você precisa limpar sua mente, focar-se em sua inspiração e renová-la para uma boa música surgir”.

Brian Ray parece um rock star quando se mexe sem parar pelo palco quando toca guitarra e baixo com Paul McCartney. Mas ele é também um maníaco por canções que também se sente feliz compondo sozinho, dentro de uma sala. E ele mostra talento em ambas as frentes. Este entusiasmado guitarrista já tocou com duas grandes lendas – McCartney e Etta James – e seus dotes de compositor já foram utilizados por Peter Frampton, Michael Steele (The Bangles), Rita Coolidge, entre outros artistas. Ele gravou, inclusive, o grande sucesso One Heartbeat para Smockey Robinson, em 1987.

“Embora as minhas raízes estejam nos músicos de blues dos 1950(cinqüenta) e 60(sessenta) – e o meu herói seja o Jeff Beck da era Truth – sempre fui um aficionado pelas boas canções pop. Portanto, a composição sempre vem em primeiro lugar. Tocar guitarra é tudo para mim, mas as seis cordas não é nada a menos que esteja dando suporte e chamando a atenção do ouvinte à canção, ao cantor e à letra. Não gosto de guitarra somente pela guitarra”.
Para garantir que suas partes tenham contribuído para a música, Ray e seu amigo co-produtor Oliver Leiber passaram um bocado de tempo procurando pelos melhores ajustes até encontrarem os sons perfeitos.

“Eu estava disposto a experimentar uma porção de colorações de guitarra, para que cada parte tivesse uma essência verdadeira”, diz Ray. “Não queria dar uma de preguiçoso e falar: ‘Tenho três guitarras e dois amplificadores dos quais gosto, e vou usá-los o tempo todo na gravação’. E aí que a parceria com Oliver proporciona experiências maravilhosas, porque o seu estúdio possui um arsenal de amplificadores e efeitos vintage. Nos overdubs, eu cantava ou tocava uma parte para Oliver e ele dizia: ‘Certo, experimente esta guitarra plugada naquele amplificador Watkins Dominator e depois insira um delay’. Quando eu escutava o resultado final, ficava sempre impressionado”.
Em relação aos solos, Ray jamais aprendeu os de outras pessoas. Pelo contrário, ele absorveu os timbres, estilos e gostos de seus guitarristas prediletos. “Sigo dois métodos para solar”, explica. “O primeiro é mais energético – uma abordagem de rock clássico e blues. Depois, após o segundo ou terceiro take, experimento solos mais temáticos e melodiosos, à La George Harrison ou Paul McCartney. Nunca fui fâ de guitarristas fanáticos por velocidade. Meu negócio é mais ligado às pausas que existem entre as notas, à pegada e à expressão. Não tem nada a ver com ‘Confiram este meu riff arrasador’. Meu negócio é causar choro ou riso em uma pessoa”.
E agora, você confere as feras em ação com BACK IN THE USSR. Valeu, abração!



Agradecimentos: Thiago Salim - thi.salim@gmail.com

Um comentário:

Edu disse...

Faltou falar no monstro ABE LABORIEL JR! Outro dia farei um especial com ele!